Em algum momento da caminhada, somos confrontados com uma verdade dura: para muitos, nosso valor é medido pelo que oferecemos, e não por quem somos. Nos doamos, ouvimos, ajudamos, servimos… e quando não temos mais o que oferecer, percebemos o afastamento silencioso. Esses vínculos, que pareciam sólidos, revelam-se frágeis e condicionais.
Essa realidade, por mais dolorosa que seja, não é nova aos olhos de D'us. Jó, homem íntegro e reto, experimentou esse abandono. Enquanto seus bens e saúde abundavam, sua presença era requisitada. Mas na adversidade, até os mais próximos o esqueceram:
"Apartou de mim os meus irmãos, e os que me conhecem estranham-se de mim. Os meus parentes me deixaram, e os meus amigos se esqueceram de mim." (Jó 19:13-14 - ARA)
Nosso próprio Salvador, Yeshua HaMashiach, também viveu essa rejeição. Enquanto multiplicava pães e peixes, multidões o seguiam. Mas, quando a cruz se aproximou, poucos permaneceram:
"Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes." (João 6:26 - ARA)
A Palavra nos ensina que o valor de uma alma não está no que ela possui ou oferece, mas no fato de ter sido criada à imagem do próprio Criador:
"Criou D'us, pois, o homem à sua imagem, à imagem de D'us o criou; homem e mulher os criou." (Gênesis 1:27 - ARA)
A grande questão é: como seguir amando e servindo sem se tornar refém de relações superficiais? Yeshua nos ensina esse equilíbrio perfeito. Ele amava sem reservas, mas também discernia os corações. Não se deixava iludir pelas intenções ocultas:
"Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana." (João 2:24-25 - ARA)
O chamado de D'us não é para nos tornarmos amargos ou isolados, mas para aprendermos a servir com sabedoria. Nossa identidade e valor não são definidos pela utilidade que temos para os outros, mas pelo preço que D'us pagou por nós:
"Mas, agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu." (Isaías 43:1 - ARA)
Os relacionamentos verdadeiros não se sustentam no que podemos dar, mas no reconhecimento de quem somos. O amor verdadeiro é aquele que permanece, mesmo quando nada temos a oferecer. Esse é o amor de D'us por nós — um amor incondicional e eterno:
"Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de D'us, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 8:38-39 - ARA)
Aprendamos com o Pai a sermos presença constante na vida de outros, sem buscar recompensas ocultas. E que D'us nos conceda discernimento para reconhecer vínculos sinceros e coragem para nos afastarmos de laços que só nos veem como fonte de benefícios.
Nosso valor está firmado em D'us e no sangue precioso do Cordeiro, que nos resgatou para sermos Seus:
"Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo." (1 Pedro 1:18-19 - ARA)
Em D'us somos amados, conhecidos e valorizados — não pelo que temos ou fazemos, mas simplesmente porque somos Seus.
Kleyton Mello
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