Ninguém Pergunta se Está Tudo Bem

Às vezes eu queria que alguém percebesse.
Que perguntasse… de verdade.
Não o “tudo bem?” de quem já vai passando.
Mas o olhar que para. O silêncio que espera a resposta. O afeto que escuta mesmo quando a boca mente.
Mas ninguém pergunta.
E, talvez, já não se pergunte mais porque acostumei a responder sempre igual.
Acostumei a ser o forte. O disponível. O que segura a barra de todo mundo.
Só que ninguém segura a minha.

“Quando eu esperava o bem, então me veio o mal; quando eu esperava a luz, veio a escuridão.”
Jó 30:26

Por dentro, há noites em claro, dores engolidas, choros abafados no travesseiro.
Por fora, um semblante que aprendeu a não assustar ninguém.
E talvez esse seja meu erro: ninguém cuida de quem não aparenta estar ferido.

“Chorarei em segredo, por causa do orgulho; os meus olhos chorarão amargamente, e se desfarão em lágrimas.”
Jeremias 13:17

A alma enfraquece quando o peito vira um cofre de angústias.
E você já nem pede mais ajuda, porque sabe que virá algum sermão, alguma cobrança, alguma pressa.
Mas quase nunca… vem acolhimento.
E então você silencia.
E se isola.
E sorri nos lugares certos, enquanto por dentro sussurra:
“Ninguém percebeu que eu estou morrendo em pedaços.”

“Tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber... estando enfermo e na prisão, não fostes ver-me.”
Mateus 25:42-43

Mas D’us vê.
Ele vê o abatido por trás da aparência.
Vê o guerreiro cansado que todo mundo esqueceu de cuidar.
Vê o servo que serve, mas nunca é servido.

“Bendito seja o D’us e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e D’us de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação…”
2 Coríntios 1:3-4a

Ele não apenas pergunta se está tudo bem.
Ele entra na dor.
Ele não desvia os olhos.
Ele se senta ao lado, chora junto, sustenta a alma até que o dia volte a nascer.

“Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação do século.”
Mateus 28:20b

Você pode estar cercado de gente e mesmo assim ser invisível.
Mas para D’us, você nunca desaparece.
Ele não ignora sua dor. Ele não pula sua vez.
Você é lembrado. É ouvido. É amado.

Kleyton Mello 

Quarta mensagem da série Reflexões do Invisível

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