"Por que não morri eu desde a madre? E, em saindo do ventre, não expirei?"
"Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso; e já me vem grande perturbação."
(Jó 3:11 e Jó 3:26)
"Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso; e já me vem grande perturbação."
(Jó 3:11 e Jó 3:26)
Jó é conhecido como o homem da paciência, mas seu livro revela algo mais profundo: o homem do lamento. Atrás do título de justo, íntegro e temente a D’us, encontramos alguém que chegou ao fundo do poço emocional. Ele não apenas perdeu bens, filhos e saúde; perdeu também o sentido da própria existência. O seu clamor é o retrato de um coração que já não vê motivo para continuar respirando.
Esse é o drama silencioso de muitos homens; vivem, trabalham, sustentam, mas internamente carregam a pergunta de Jó: “Por que eu ainda existo?” É a dor sem explicação. Não é apostasia, não é falta de coragem, é o peso esmagador de circunstâncias que fogem ao controle. A mente procura sentido, mas só encontra vazio.
Jó nos mostra que até os mais justos podem experimentar o abismo da alma. E talvez o maior ensino esteja exatamente aí: a Bíblia não censura esse desabafo. O texto sagrado registra as lágrimas, as queixas, as perguntas duras. O silêncio diante do sofrimento só aumenta o desespero; mas quando o homem derrama a sua angústia, encontra espaço para o agir de D’us.
É curioso notar que, mesmo sem respostas, Jó se mantém em diálogo com o Senhor. Isso é vital. A saúde mental do homem, à luz das Escrituras, não se resolve em frases prontas ou em fórmulas rápidas. Mas há esperança para aquele que se recusa a cortar a linha da oração, ainda que sua oração seja feita de gritos e lágrimas.
Kleyton Mello
O Setembro Amarelo nos lembra: não precisamos entender toda a dor para sermos sustentados. O chamado é não desistir de falar, não desistir de viver, não desistir de esperar. A fé não elimina a angústia, mas a fé aponta para um Deus que, mesmo no silêncio, continua presente.
obrigado
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