"Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio."
O homem moderno aprendeu a calar. É ensinado, desde menino, que chorar é fraqueza, pedir ajuda é covardia, demonstrar dor é sinal de derrota. Cresce e carrega nos ombros o peso da família, da provisão, do trabalho, do futuro, sem nunca encontrar um espaço seguro para se despir das próprias angústias. O silêncio, que deveria ser refúgio, torna-se prisão.
O salmista descreve com precisão esse drama: ossos que envelhecem, vigor que seca, vida que se torna árida. É a imagem de um homem que não grita, mas geme por dentro. Quantos hoje não estão assim? Vestem o terno, seguram a pasta, entram na igreja, lideram suas casas, mas a alma está adoecida. A pressão invisível corrói por dentro, e o mundo aplaude sua “força”, sem perceber que, por trás do semblante firme, há uma tempestade.
Esse silêncio tem consequências devastadoras. Ele destrói relacionamentos, mina a saúde física, afasta o homem de D'us. A mente sobrecarregada não encontra descanso, o corpo sente, e a alma se torna terreno infértil. A Bíblia, no entanto, não nos chama a um heroísmo solitário, mas a uma vida de confissão, comunhão e fé. O salmista só encontra alívio quando deixa de calar e abre o coração diante de D'us (Salmo 32:5). A libertação começa quando a boca fala e a alma se derrama.
Aqui está a lição: o silêncio que adoece precisa ser quebrado. O homem que guarda tudo para si mesmo morre em vida. Mas o homem que aprende a se abrir diante de D'us e diante de irmãos de confiança descobre que há bálsamo para a dor.
O Setembro Amarelo nos convida a romper essa muralha invisível. Não é fraqueza reconhecer a própria fragilidade, é sabedoria. Não é derrota pedir ajuda, é coragem. E não é falta de fé admitir que a alma sofre, é um passo em direção à verdadeira cura.
Kleyton Mello
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